MDB do Maranhão vai apoiar Lula, deve se alinhar a Brandão e marchar dividido na corrida ao Senado

Edison Lobão (à direita), representou o MDB do Maranhão na reunião em que parte do partido declarou apoio a Lula da Silva (centro) na corrida para a presidência

Confirmada ontem, numa reunião de cúpula PT/MDB em São Paulo, o que todos já sabiam, mas faltava ser confirmado: o MDB do Maranhão vai apoiar a candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT) à Presidência da República. Representado pelo ex-senador Edison Lobão no encontro, o MDB do Maranhão, que é presidido pela ex-governadora Roseana Sarney e tem como referência o ex-presidente José Sarney, se posicionou num grupo de 11estados onde o partido vai apoiar Lula da Silva, mesmo tendo a senadora mato-grossense Simone Tebet como pré-candidata do partido ao Palácio do Planalto. A definição anunciada pelo ex-senador Edison Lobão não indicou, mas o MDB deve seguir Lula da Silva no apoio ao projeto de reeleição do governador Carlos Brandão (PSB), que tem Felipe Camarão (PT) como candidato a vice. A ex-governadora Roseana Sarney já sinalizou apoio a Carlos Brandão, mas enfrenta uma divisão dentro do MDB em relação à disputa para o Senado, com uma banda apoiando o ex-governador Flávio Dino (PSB), e outra já atuando no apoio ao senador Roberto Rocha (PTB). O apoio declarado ao ex-presidente Lula da Silva deve nortear os movimentos do MDB a partir de agora.

Não surpreendeu que o ex-senador Edison Lobão tenha sido escalado para representar o MDB do Maranhão na reunião da qual participou o próprio ex-presidente Lula da Silva, de quem foi ministro de Minas e Energia, mantido no primeiro Governo Dilma Rousseff (PT). Edison Lobão dificilmente apoiaria outro candidato a presidente da República, uma vez que, além de representar o PMDB no comando de uma das mais importantes pastas, construiu uma sólida amizade com o líder petista. Tanto que em 2014, o já ex-presidente Lula da Silva apoiou abertamente a candidatura do então suplente de senador Lobão Filho (MDB) ao Governo do Estado na disputa contra o ex-juiz federal e ex-deputado federal Flávio Dino (PCdoB). Edison Lobão vem defendendo a candidatura de Lula da Silva há tempos, o que explica sua posição pró-Lula dentro do MDB.

O apoio de Roseana Sarney à candidatura de Lula teve origem em 2002, quando a então governadora se tornou nome forte para a sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas foi desgastada pelo Caso Lunus, que muitos acreditam ter sido armado pelos tucanos. Ela, porém, elegeu-se senadora, apoiando a vitoriosa candidatura do petista contra o tucano José Serra. O apoio se transformou em aliança, o que a tornou mais tarde líder do Governo Lula no Congresso Nacional, função que só deixou quando perdeu a disputa pelo Governo do Estado para Jackson Lago (PDT) em 2006. Naquela eleição, Lula da Silva, que tentava a reeleição, a apoiou fortemente, mas não conseguiu deter a onda em que se transformou a candidatura do líder pedetista, que venceu a eleição e obrigou a emedebista a permanecer no Senado, voltando ao Governo em 2009 pela via judicial, para se reeleger em 2010, tendo como vice o petista Washington Oliveira. A emedebista e o petista estenderam sua relação até 2016, quando ela abraçou o movimento que derrubou a presidente Dilma Rousseff.

José Sarney embarcou na onda petista numa reação ao PSDB, motivado pela convicção – que mantém até hoje -, de que saiu do Palácio do Planalto no segundo Governo FHC a trama destinada a destruir a imagem política da governadora do Maranhão, então liderando a corrida à sucessão presidencial, à frente de Lula da Silva e José Serra. O golpe o levou à base de apoio do candidato petista, atuando para ampliar essa base no então PMDB. Durante os dois Governos Lula, José Sarney foi um dos mais importantes interlocutores e conselheiros do presidente, posição que manteve também no primeiro Governo Dilma, só rompendo no movimento do impeachment da presidente.

No meio político, é dado como certo que o braço maranhense do MDB declarará apoio à candidatura do governador Carlos Brandão. A dúvida desse acordo diz respeito ao Senado, uma vez que o MDB está dividido ao meio, tendo a banda mais jovem, liderada pelo deputado estadual Roberto Costa defendendo o apoio ao ex-governador Flávio Dino, e a outra banca, que reúne Roseana Sarney, Edison Lobão e – há quem diga – o próprio José Sarney, ainda indefinida, mas se inclinando na direção do senador Roberto Rocha.

Via Repórter Tempo

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