Choque de interesses impede a união dos bolsonaristas por uma só candidatura aos Leões

Roberto Rocha enfrenta dificuldades para reunir Lahesio Bonfim e Josimar de Maranhãozinho em uma frente bolsonarista no Maranhão

O senador Roberto Rocha PTB estaria se posicionando para liderar um movimento para agregar o que chamou de “oposição”, que na verdade se resume a ele e o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim, pré-candidato a governador pelo PSC. Hoje chefe do PTB no Maranhão, o senador tenta, na verdade, organizar e liderar um movimento para dar suporte à candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Maranhão, tarefa que o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, chefe do PL no estado, já está chamando para si, e pelo que tudo indica, sem abrir mão de ser ele o líder da ação político-partidária. O problema é que os três têm interesses e objetivos bem diferentes, sendo muito difícil encontrar pontos de identificação entre eles. Roberto Rocha, Lahesio Bonfim e Josimar de Maranhãozinho quase nada têm em comum, a não ser o fato de que são bolsonaristas, só que em diferentes graus.

Com apenas nove meses de mandato, o senador Roberto Rocha as incertezas dos fins de festa e as agruras impostas pelo desafio de tentar renova-lo, principalmente quando tem um oponente do quilate do ex-governador Flávio Dino (PSB). O mesmo drama se impõe quando ele avalia a possibilidade de disputar o Governo do Estado e depara com um cenário em que têm quatro oponentes para serem vencidos: o governador Carlos Brandão (PSB) e o senador Weverton Rocha (PDT), que lideram a corrida com boa vantagem sobre ele, e o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr. (PSD) e Lahesio Bonfim, que estão colados nele e dispostos a ultrapassa-lo para brigar pela ponta.

Não há a menor possibilidade de o senador Roberto Rocha construir um canal de diálogo com Carlos Brandão ou Weverton Rocha. Seu caminho – muito pedregoso, diga-se – só leva a Lahesio Bonfim e a Josimar de Maranhãozinho, que atuam no campo bolsonarista. Pré-candidatos a governador, os dois dizem que até aceitam dialogar com o senador agora petebista, desde que ele sente à mesa como pré-candidato a senador e não a governador. E mesmo assim, nenhum dos dois está disposto a abrir mão do espaço que conquistaram até aqui para fortalecer a posição do senador do agora presidente estadual do PTB.

Lahesio Bonfim é candidato irreversível, investiu muito nesse projeto, tem obtido bons resultados nas pesquisas, não mostra interesse nem disposição para refazer sua caminhada. E já deixou claro que “aceita” o apoio de Roberto Rocha, desde que a seu modo, sem abrir mão do espaço que ocupou até aqui pelo seu próprio esforço. Do mesmo modo, Josimar de Maranhãozinho já declarou inúmeras vezes que não colocará o seu partido e o seu grupo à serviço do senador petebista se o projeto dele for candidatura ao Governo do Estado. Além do mais o pré-candidato do PSC e o pré-candidato do PL são bolsonaristas assumidos, mas são politicamente independentes e não estão dispostos a correr riscos para catapultar o projeto do senador petebista nem brigar pela reeleição do presidente da República se essa briga vier a comprometer seus cacifes.

O fato é que, mesmo levando em conta a ampla margem de imprevisibilidade da política, se depender de Lahesio Bonfim e de Josimar de Maranhãozinho, a união da oposição bolsonarista no Maranhão sob a liderança do senador Roberto Rocha dificilmente sairá do campo das ideias. Provavelmente porque o senador perdeu o timing na busca de um partido e de um bom acordo, mas acabou no PTB, agremiação que representa hoje o que há de mais controverso na seara partidária brasileira, verdade que se impõe a partir do comportamento seu presidente nacional.

O senador Roberto Rocha terá de trabalhar muito para montar uma chapa competitiva, seja ele candidato a governador ou a senador. Sem chance, porém, de costurar a unidade da oposição bolsonarista em torno de um candidato.

Via Repórter Tempo

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