Ao dialogar com Braide, Brandão avança na montagem do seu mosaico de unidade política

Eduardo Braide e Carlos Brandão: relação institucional pode levar a uma aliança política?

O governador Carlos Brandão (PSB) avançou ontem mais algumas braçadas no seu projeto de montar o mais amplo mosaico de unidade política no Maranhão ao longo dos 40 meses que deve durar o seu Governo. Ele recebeu para uma conversa o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que até aqui vem alimentando a condição de adversário político, mas agora com inclinação para construir uma ponte, em princípio institucional, com o chefe do Executivo estadual no campo da parceria administrativa. Observado o roteiro de distanciamento político e institucional dos dois chefes de Governo, não há como não enxergar na reunião uma brecha para que essa nova convivência possa evoluir – Quem sabe? – para uma relação político-partidária. Ao prefeito Eduardo Braide interessa muito uma convivência republicana e produtiva com o governador Carlos Brandão, que por sua vez tem avaliado ser importante construir um relacionamento desse nível com o administrador da Capital. Há, porém, obstáculos nada desprezíveis no caminho do diálogo, que precisam ser removidos, sob pena de o processo vir a resultar num fracasso.

A imagem dos dois líderes reunidos no Palácio dos Leões remete para o fato de que, agora no exercício do seu próprio mandato, o governador Carlos Brandão vem praticando uma política de unidade e, quando é o caso, de reconciliação. A julgar pelo clima de descontração, a reunião mostrou ser possível uma convivência institucional produtiva com início imediato, e até mesmo um reatamento político no médio prazo. “Diálogo com o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, sobre as parcerias da Prefeitura com o nosso Governo. Entre as pautas estão obras estruturantes na cidade, Carnaval, ações na saúde e mais. A nossa gestão é municipalista”, disse o governador Carlos Brandão.

Ao receber a confirmação da sua reeleição no dia 2 de outubro passado, o governador Carlos Brandão falou em unidade política, transformando o mote em bandeira, mesmo sabendo que alguns adversários permanecerão no campo de batalha política. Ele fez o primeiro movimento ao apoiar a candidatura do prefeito de São Mateus, Ivo Resende (PSB), à presidência da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem), que foi eleito em chapa única e praticamente por aclamação. O segundo passo será completado no dia 1º de fevereiro, com a eleição da deputada Iracema Vale (PSB) presidente da Assembleia Legislativa, com o aval, até agora, de pelo menos 35 dos 42 deputados, podendo chegar a 38 deputados, devendo sua eleição se dar por aclamação, caso não surja uma candidatura de oposição. A estratégia do novo ocupante do Palácio dos Leões foi até aqui largamente bem-sucedida.

Embora a reunião de ontem tenha sido vista por muitos como a “quebra do gelo”, ou seja, um bom começo, a construção de uma relação de alinhamento político do prefeito Eduardo Braide com o governador Carlos Brandão é bem mais complicada do que aparenta. E o ponto nevrálgico é a corrida à Prefeitura de São Luís daqui a vinte meses. O prefeito Eduardo Braide trabalha de olho na reeleição, enquanto pelo menos três nomes se movimentam no grupo governista com o mesmo objetivo: o deputado estadual e federal eleito Duarte Jr. (PSB), o vereador-presidente da Câmara Municipal de São Luís Paulo Victor (PCdoB), e o deputado federal reeleito Pedro Lucas Fernandes (UB). Os desdobramentos da audiência dirão o que vai acontecer, mas até aqui o cenário de confronto pelo Palácio de la Ravardière prevalece no quadro de expectativas.

O fato de haver recebido o prefeito de São Luís para uma conversa sobre parcerias não configura já uma relação bilateral íntegra. Mas não há como ignorar o fato de que foi um avanço excepcional, se analisado o distanciamento ocorrido nesse campo, de janeiro de 2021 para cá. O governador Carlos Brandão, no entanto, está determinado a superar obstáculos para ver consolidado o seu projeto de unidade política, que inclui também, no momento adequado, colocar o senador Weverton Rocha e o PDT e outros ex-aliados ainda desgarrados.

Via Repórter Tempo

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