Pai de vereador vira réu em nova ação que investiga esquema com emendas em São Luís

Processo é distribuído ao 1º Juizado Especial Criminal e já está conclusos para decisão

Investigação do Ministério Público pode desvendar quebra-cabeça de recursos das emendas parlamentares

O ex-secretário Municipal de Cultura, Carlos Marlon de Sousa Botão – o Marlon Botão, que é pai do vereador Marlon Botão Filho (PSB), virou réu em nova ação que investiga supostos esquemas com dinheiro público envolvendo emendas parlamentares da Câmara Municipal de São Luís.

Segundo fontes da Justiça Estadual, os supostos crimes estão previstos na Lei da Organização Criminosa e o caso foi distribuído ao 1º Juizado Especial Criminal, no último dia 26 de setembro, tramitando no judiciário maranhense sob o nº 0849669-98.2021.8.10.0001.

Conforme informações obtidas com exclusividade pelo blog da Dalvana Mendes, na mesma data ocorreu, por exemplo, a juntada de petição criminal onde os autos foram conclusos para decisão – fase em que os processos estão com o juiz para que ele decida sobre alguma coisa importante, mas que não é a decisão final.

De acordo com as investigações, a Secretaria Municipal de Cultura (Secult), que era comandada pelo genitor do parlamentar, teria sido utilizada para escoar os recursos públicos por meio de convênios assinados entre a Prefeitura de São Luís, sob a gestão do ex-prefeito Edivaldo de Holanda Júnior (PSD), e entidades de interesse social, que teriam sido usadas no suposto esquema de corrupção.

DOCUMENTO
Clique aqui e baixe o espelho do processo envolvendo novo escândalos das emendas parlamentares

Além de Marlon Botão, também figuram no polo passivo outras quatorze pessoas que já estavam sendo investigadas na Operação Faz de Conta, desencadeada em novembro de 2019, pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), bem como a Superintendência de Prevenção e Combate à Corrupção (Seccor) e a Superintendência de Polícia Civil da Capital (SPCC), para apurar crime de falsificação de documento para recebimento de recursos públicos. Essa ação é originária do processo nº 0829110-23.2021.8.10.0001.

Entre os investigados desse novo processo estão Alberto Jorge Souza Teixeira Junior, Ana Maria Souza Lima, Euvaldo Barbosa Pereira Filho, Jean Felipe Nunes Castro Martins, Jose Eduardo Veiga Azevedo, Júlio Cesar da Hora, Marcelo de Jesus Machado, Marcio Henrique de Jesus Almeida, Marcio Jorge Berredo Barbosa, Marcio Rogerio Leonardi, Ney Almeida Duarte, Pedro Phellyp da Silva Galeno, Roberto Fabiano Veiga da Silva e Willame Silva Moura.

Material apreendido em um dos escritórios alvos das investigações — Foto: Divulgação / Polícia Civil

Perguntas sem respostas

O blog faz alguns questionamentos sobre pontos que não ficaram claros nas investigações do Parquet. Afinal, o ex-secretário que figura como réu no processo usou ou não dinheiro público – alvo das investigações – para eleger o filho como vereador, um menino que até então era desconhecido no meio político?

O que diz a prestação de contas do filho do ex-secretário investigado? O Ministério Público realizou cruzamento das informações de receita e despesas para descobrir alguma relação com os réus?

Por que os investigados da nova denúncia são quase os mesmos da Operação Faz de Conta?

Mesmo sob investigação os acusados continuaram realizando as mesmas práticas?Por quais motivos não foram afastados das funções?

Se continuam atuando mesmo em meio às denúncias, quais foram os projetos dos vereadores que realizaram nesse período?

Qual a relação dos investigados com setores da administração de Paço do Lumiar? O Ministério Público também já realizou algum cruzamento neste sentido para descobrir algo mais?

Carro de luxo à amante

Além disso, inquéritos que apuram os supostos esquemas com emendas parlamentares aos quais tivemos acesso revelam as suspeitas envolvendo a organização criminosa que envolve vereadores, ex-vereadores, secretários, ex-secretários, funcionários e até deputado federal. As denúncias envolvem prática de subtração de recursos públicos, falsidade documental e até mesmo benesses à amante de um dos vereadores, que atuava como ‘assessora’ na Câmara.

Segundo as investigações, parte das emendas foram depositadas na conta da ‘ex-assessora’ parlamentar para compra de um veículo modelo Corolla, da marca Toyota. O automóvel foi um ‘presente’ do ex-chefe aos serviços por sua ex-funcionária ‘dedicada’. Os detalhes, entretanto, vamos revelar no próximo capítulo da série sobre o assunto.

Via Dalvana Mendes

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