Recorde de mortes e colapso: por que o país precisa parar por 15 dias

Fortaleza teve ruas vazias durante o auge do lockdown, em meados de março de 2020 — Foto: Thiago Gadelha/Sistema Verdes Mares
Covid com alta recorde e lotação de UTIs: especialistas listam motivos para parar o país por ao menos 2 semanas

Praias e comércio fechados, toque de recolher e barreiras sanitárias em todo o país por, pelo menos, duas semanas. É o que defendem especialistas como medidas nacionais e coordenadas que o governo federal deveria adotar em março para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus, que já registrou recordes em apenas dois meses de 2021.

Segundo os especialistas ouvidos pelo G1, os argumentos listados abaixo mostram a necessidade de um lockdown nacional (bloqueio geral), com medidas duras de restrição de circulação, durante o mês de março no Brasil:

  • Sem vacinação em massa, sem rastreamento dos casos e sem o aumento da testagem, o distanciamento é a única maneira de conter o vírus;
  • Diante do agravamento geral da pandemia, o país não conseguirá diminuir as transmissões se cada estado adotar uma medida diferente;
  • Exemplos de outros países mostram que medidas curtas e pontuais, menores que 15 dias, não geram resultados consistentes;
  • Quanto menor a circulação da população, menor a chance de o vírus encontrar pessoas suscetíveis à infecção;
  • Reino Unido e Israel conseguiram controlar as transmissões com uma combinação de lockdown e vacinação em massa.

Necessidade de ação nacional

Membro da diretoria do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Vanja dos Santos explica que, diante do iminente colapso do sistema de saúde em quase todos os estados, as ações precisam ser nacionais para serem eficazes.

“No momento de caos generalizado em que estamos, ou paramos e fechamos tudo, ou vamos dobrar essas mais de 250 mil mortes pela Covid-19 que tivemos em um ano em um tempo muito menor” , disse Vanja dos Santos, membro da diretoria do CNS.

Santos explica que o CNS e demais órgão nacionais que integram a “Frente Pela Vida” pedem ao governo federal ações unificadas desde o ano passado. Com o agravamento da pandemia em fevereiro, o segundo mês com maior número de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia, a paralisação das atividades em todo o país é tema no CNS.

“Na nossa última reunião, na terça-feira (23), discutimos medidas urgentes para o Brasil neste momento, como fechar todo o comércio, praias e serviço não essencial por duas semanas, assim como estipular um toque de recolher, implementar barreiras sanitárias pelo país e fazer testagem em massa”, conta Santos.

Medidas precisam ser coordenadas entre estados

A diretora do CNS afirma que a entidade pede que o governo federal coordene e unifique as medidas contra a pandemia desde meados de 2020. “Pedido que o governo federal nunca atendeu”, afirma Santos.

“Se um estado restringe a circulação das pessoas e fecha comércio, mas outro não faz o mesmo e as fronteiras continuam abertas, será muito difícil para aquele que impôs as medidas conseguir impedir que uma variante chegue ao seu estado, por exemplo”, aponta Santos.

Outra entidade que pede há meses uma coordenação nacional das medidas contra a Covid-19 é o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que divulgou nesta segunda-feira (1) uma carta com sugestões de medidas urgentes contra o iminente colapso das redes pública e privada de saúde diante do aumento dos casos de Covid-19 no Brasil.

Entre os pedidos do Conass estão a adoção de um toque de recolher nacional, o fechamento de bares e praias, a proibição de eventos presenciais e suspensão de aulas presenciais em todo o país. A carta também critica a falta condução nacional unificada e coerente da reação à pandemia.

Fonte: G1

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