Mulheres que inspiram: elas lutam por mais direitos e conquistas no Maranhão

SimplificaCI - Ações Dia da mulher: 8 ideias

Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou a dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. A data tem raízes históricas que remetem à luta das mulheres por igualdade de direitos, especialmente nos campos profissional e político. No Maranhão, os últimos seis anos foram marcados por avanços nas políticas públicas de cuidado, proteção e valorização da população feminina.

Além das recentes conquistas para as maranhenses – como a instalação da Casa da Mulher Brasileira, centro de referência na defesa e cuidado humanizado às mulheres vítimas de violência – atualmente, no Maranhão, diversas mulheres ocupam lugar de destaque na administração pública, entre as centenas que atuam em cargos e funções do Poder Executivo Estadual.

Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, reunimos relatos de três dessas mulheres. Uma coronel, uma advogada indígena e uma médica. O que elas têm em comum? Todas têm uma versão pessoal sobre a luta das mulheres por igualdade de direitos e respeito.

“Elas hoje têm onde pedir ajuda”

Na esquerda, a Coronel Augusta comandante da Patrulha Maria da Penha (Foto: Divulgação)

A oficial da Polícia Militar do Maranhão (PMMA) Augusta Andrade foi primeira mulher promovida ao posto de coronel, patente máxima da corporação. Há quatro anos, o governador Flávio Dino designou coronel Augusta ao comando da Patrulha Maria da Penha, grupamento da PMMA especializado no atendimento a mulheres vítimas de violência.

Resultado obtidos pela oficial: sob o comando da coronel Augusta, a Patrulha Maria da Penha atendeu mais de 12,3 mil mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, entre fevereiro de 2017 e janeiro de 2021, marca histórica que reflete uma atenção cuidadosa de segurança às mulheres vítimas de violência.

“Nesse mês de março, em que comemoramos o mês das mulheres, nós temos muitos motivos para comemorar. Essa Patrulha veio para dar um atendimento humanizado e acolhedor às mulheres que são vítimas de violência doméstica. Essas mulheres hoje têm onde pedir ajuda. Parabéns a todas as nossas mulheres e parabéns ao governador Flávio Dino, por ter esse olhar diferenciado na proteção e apoio às mulheres”, comemora coronel Augusta.

“Sou uma construção coletiva, sou diversas outras mulheres”

Advogada Kari Guajajara, nascida na terra indígena Arariboia (Foto: Divulgação)

De uma realidade diversa da coronel Augusta, a advogada indígena Kari Guajajara (Tenetehára), nascida na terra indígena Arariboia, no Sul do Maranhão, também ocupa lugar de destaque na estrutura da gestão estadual. Ela atua como secretária adjunta na Secretaria de Estado da Mulher (Semu) e é uma das pessoas responsáveis pela formulação, execução e avaliação das políticas públicas estaduais voltadas para assegurar direitos às mulheres.

Kari Guajajara conta que só conseguiu chegar a esse “espaço de poder” com a ajuda de outras mulheres historicamente engajadas com a causa feminina.

“Sou neta da Kari Amora, uma das primeiras caciques mulheres aqui do Maranhão. Venho de uma família que constrói o matriarcado na terra indígena. Eu sou uma mulher que hoje ocupa um espaço de poder porque diversas outras mulheres me ajudaram a fazer essa construção”, relata Kari, que contou com o apoio de outras mulheres do seu território indígena, para estudar Direito em São Luís.

Ela avalia que sua luta social como mulher começa pelo simples fato de ser descendente dos povos indígenas. Mas ela destaca que a ‘sororidade’ (conceito relativo à solidariedade e união entre as mulheres) em sua comunidade fez a diferença na sua trajetória pessoal e profissional.

“Falar de conquista para uma mulher indígena é um processo muito mais longo. Primeiro que o nosso processo de conquista ela começa dentro da própria comunidade. Quando a violência vem contra os nossos povos, os primeiros corpos atacados são os corpos das mulheres indígenas”, conta Kari Guajajara.

“Tive mães, avós, tias, professoras, colegas de trabalho, pessoas que sempre tiveram ao meu lado segurando a minha mão em um processo coletivo. Nós sempre tivemos o processo de resistência. Eu, Kari, sou uma construção coletiva”, completa.

“O nosso trabalho é respeitado”

A infectologista Conceição Pedroso integra o Comitê Científico de Prevenção e Combate ao Coronavírus (Foto: Divulgação)

Na linha frente contra a Covid-19, a médica infectologista Conceição Pedroso é uma das integrantes do Comitê Científico de Prevenção e Combate ao Coronavírus no Maranhão.  Na luta contra a maior crise de saúde pública da histórica recente, Conceição Pedroso se mostra incansável desde o início da pandemia.

Para ela, as mulheres – presentes em grande número na rede estadual de saúde – vêm derrubando tabus e ganhando espaço ainda maior pelo “empenho, competência e determinação”.

“As barreiras vão sendo quebradas à medida que você mostra empenho, competência e determinação. O nosso trabalho é respeitado, bem como das colegas, seja ela técnica ou enfermeira. Nós temos médicas ganhando destaque em áreas da saúde onde os homens eram determinantes”, defende.

Uma das primeiras pessoas vacinadas no Maranhão, a infectologista segue firme na luta contra o vírus. “O que nós estamos vivendo agora é uma piora do cenário do ponto de vista de pandemia. É uma segunda onda, com o cenário piorado”, afirma a médica.

Agora ela teme a elevação do número de casos fatais com a segunda onda de contágio, especialmente pelo desrespeito aos protocolos sanitários.

“Não são mais somente os idosos, o vírus está comprometendo também pessoas jovens com a mesma agressividade. Tenho vivido de extrema angústia. É difícil entender que as pessoas não entendam e acreditem no que a gente tá vivendo dentro dos hospitais. É extremamente angustiante passar nas ruas e ver alguém ainda sem máscara e pedindo por festas. Você precisa começar a pensar no outro. O nome disse é empatia”, conclui a médica.

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