CARTA ABERTA À SOCIEDADE MARANHENSE, Pelo Adiamento da Volta às Aulas Presenciais. Afinal, UMA VIDA IMPORTA.

CARTA ABERTA À SOCIEDADE MARANHENSE, especialmente aos nossos gestores públicos (estaduais/municipais).

UMA VIDA IMPORTA.

Pelo adiamento da volta às aulas presenciais.

A Associação Maranhense de Arte-Educadores – AMAE, fundada no ano de 2003, com caráter civil sem fim lucrativo, representativa da categoria de docentes em Arte no Estado do Maranhão e vinculada à Federação de Arte-Educadores do Brasil – FAEB, vem a público refletir sobre o novo contexto social que vivemos, em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

É certo que nenhuma nação esperava passar por essa pandemia que já levou a óbito milhares de pessoas no mundo. No Brasil, que figura entre os países com maior incidência de mortes, tínhamos um total de78.772 óbitos (em 18/07), porém em 25 de julho foram confirmados 2.402.255 milhões de infectados e 86.591 mil óbitos, enquanto que no Maranhão, que não figura entre os Estados que apresentam queda nos casos de contágios/mortes, já foram confirmadas 2.898 mil mortes, sendo registrados 880 novos casos de covid19. Como podemos observar nos números (conforme as fontes no final desta carta), no Brasil, tivemos no último dia 25, um total de 1.097 mortes por dia, recorde da pandemia e alta de 6%, já em relação aos novos casos confirmados temos um aumento de 23%, nos últimos 14 dias. É sabido também, que vivenciamos uma ‘queda de braço’ dos membros que compõem nossa classe política em plena pandemia, e certamente devido a morosidade na efetivação de políticas públicas que atinge a tod@s, pessoas morreram por falta de acesso ao serviço público de qualidade e gratuito, sobretudo na área de saúde e de segurança alimentar, em tempo hábil. Nesse contexto, os mais vulneráveis são as pessoas sem poder econômico para manter uma vida à base de alimentos saudáveis, moradia adequada e com acesso às tecnologias de trabalho, estudo, lazer, compras, pagamentos e entregas necessários para ficar em casa e garantir o distanciamento social.

Sem dúvida, para que os números (de contagio e mortes) fossem menores, seria fundamental o desenvolvimento de estratégias para fazer chegar o alimento até as pessoas que mais precisam, pois ele é o fator primordial que estimula o movimento para as feiras, supermercados e para as quilométricas filas nas agências das instituições financeiras em todo o Brasil, de modo que é fulcral  pensar o melhor para o povo, evitando que, pela necessidade, as pessoas se submetam a espaços de aglomeração, no geral frequentados pelos mais pobres.  Pois mesmo as necessidades pessoais dos mais ricos, quando não são sanadas por meio das tecnologias, são mediadas pelos trabalhadores, pobres, que não conseguem parar. Portanto, neste momento, em conformidade com:

  • Medida Provisória 934 (que flexibiliza os 200 dias letivos, mantendo a obrigatoriedade das 800 horas de atividades educacionais anuais);
  • Parecer n. 5/2020 do Conselho Nacional de Educação (que valida as atividades pedagógicas não presenciais em todos os níveis, etapas e modalidades educacionais);

Contamos com a empatia, dos nossos governantes/gestores públicos (estaduais/municipais) na continua inclinação em defesa da vida, traduzida em ações governamentais que optam preservar a vida, nesse sentido prorrogar e continuar com o ensino remoto (EaD) é uma sábia decisão para não expor novas vidas em situação de risco, pois acreditamos piamente que UMA VIDA IMPORTA.

A AMAE, considerando tudo que estamos vivenciando, sobretudo o medo de uma morte precoce, convida a sociedade maranhense, principalmente comunidade escolar, cientistas da área da saúde e políticos maranhenses, para analisar essa situação em tempo hábil, e evitar que membros da comunidade escolar sejam expostos ao risco do contágio pelo nefasto vírus, aumentando os índices de óbitos no Maranhão. Para tanto, a referida análise deve considerar que ainda não há o necessário controle sobre o novo coronavírus ou uma vacina disponível e com eficácia comprovada. Evidenciamos que a realidade mundial alerta para os problemas da desigualdade social que torna mais vulneráveis as pessoas em situação de pobreza (uma parcela considerável da nossa comunidade escolar), que obrigatoriamente estará sujeita a contágios em diversos ambientes, seja no transporte ‘escolar’, seja no percurso de ida e volta ou no próprio espaço escolar.

Nesse momento delicado, senão fúnebre, conclamamos toda a sociedade em geral para repensar, refletir e decidir pela vida. Vida d@s estudantes, professores/professoras, equipes de operacionais, técnica, gestão, pedagógica, segurança e de nossas famílias (comunidade escolar), diretamente atingidas, infelizmente, por essa rede de conhecimentos, afetos e contágios.

Compreendemos a pressão social e política que sofrem nossos governantes na obrigação de fazer, de iniciar, de propor, de dar respostas às políticas públicas necessárias e, em outro momento, obrigatórias. Mas afinal, vivemos outros tempos e um novo marco histórico se instituiu tomando como referência o antes e o depois da pandemia do novo coronavírus. Agora o obrigatório é pensar na vida e, precisamos acreditar e reafirmar que, “TODAS AS VIDAS IMPORTAM”. Se pensarmos assim, junt@s encontraremos uma solução nessa sociedade que se reinventa no caos pandêmico.

Nesse período pandêmico, sabiamente fomos induzidos a lidar com a educação a distância, nesse primeiro semestre de 2020, sem dúvida, considerando ainda os alarmantes índices da pandemia, e tomando como parâmetro a experiência de outros países e a nossa realidade no que diz respeito à estrutura do sistema de saúde e de educação públicos, avaliamos ser necessário tomar a decisão de aguardarmos melhores/seguros indicadores, para um retorno presencial.  Desse modo, devemos continuar com a modalidade de ensino – EaD, carecendo assim de novas e urgentes políticas para garantir a inclusão de todo@s, a exemplo do valioso programa de aquisição de milhares de chips com pacote de internet para @s estudantes que mais precisam.

Nestes termos, salientamos que vale a vida e não devemos ter dúvidas que essa é a escolha certa. Não podemos aceitar que o curso de tantas histórias seja interrompido pela ausência de uma política pública, vontade política, preventiva. Finalmente, alertamos sobre os riscos de reproduzirmos a naturalização da morte, propagada nas redes sociais, por meio das nossas atitudes, decisões e pretensões, como se estivéssemos imunes e detivéssemos o controle sobre as nossas vidas e daqueles que estimamos. Importante lembrar que, embora atinja mais diretamente os pobres, o vírus está fora de controle e deixar marcas letais em todos os grupos sociais.

Por tudo que foi exposto, esta associação se manifesta PELO ADIAMENTO DA VOLTA ÀS AULAS PRESENCIAIS.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *