Marcus Brandão mostra que não é “cristão novo” em política e aposta no crescimento do MDB

Uma combinação de otimismo com entusiasmo. É assim que vem se movimentando o novo presidente do MDB no Maranhão, o advogado e empresário Marcus Brandão, irmão do governador Carlos Brandão (PSB), que assumiu formalmente o comando do partido em convenção-gigante realizada na semana passada, avisando na sua fala que vai turbinar o crescimento da legenda já a partir das eleições municipais de 2024. Ele expressou esse estado de ânimo em entrevista concedida, quinta-feira, à TV Mirante, ao longo da qual deixou claro que vai fazer o que estiver ao seu alcance para devolver ao MDB o poder de fogo de outros tempos, quando o partido foi hegemônico no Maranhão. “Uma coisa é certa: o partido vai crescer muito, é uma meta minha aumentar este partido”, declarou o novo chefe emedebista, com a ênfase de quem sabe o que diz.

Ao contrário do que pensam alguns, Marcus Brandão não é cristão novo na seara político-partidária. Com o know-how de quem coordenou nada menos que 16 campanhas eleitorais nas últimas três décadas, incluindo a que resultou na reeleição do governador Carlos Brandão para o Governo do Estado, ele exibiu a convicção de que conseguirá recolocar o MDB entre os maiores partidos do Maranhão. Um desafio e tanto, quando é lembrada a trajetória de altos e baixos da agremiação no tabuleiro político maranhense, principalmente a partir da filiação de José Sarney, em 1984, para em seguida se tornar presidente da República. A grande guinada no MDB maranhense se deu no início dos anos 90, quando o seu principal líder, o deputado federal Cid Carvalho, atropelado pela CPI dos Anões do Orçamento, passou o comando ao então ao ex-governador João Alberto, no início dos anos 90.

De lá para cá o MDB se tornou o maior partido do Maranhão até 2914, quando findou o último Governo de Roseana Sarney, e junto com ele a Era Sarneysista na política estadual. Durante os Governos Flávio Dino, o MDB perdeu a hegemonia, primeiro para o PCdoB, e agora para o PSB, não tendo senador e representado apenas por um deputado federal – Roseana Sarney apenas dois deputados estaduais – Roberto Costa e Arruda, alguns prefeitos e uma penca modesta de vereadores espalhados Maranhão a fora. Mas conservou uma megaestrutura, com diretórios espalhados em praticamente todos os municípios e uma ala jovem aguerrida, liderada pelo deputado Roberto Costa. Isso significa dizer que, ao mesmo tempo em que recebeu da deputada federal Roseana Sarney um MDB politicamente enfraquecido, Marcus Brandão assumiu o controle de uma máquina organizada e pronta para decolar.

Sob o novo comando, o MDB se alinhou inteiramente à grande aliança partidária (13 partidos) alinhavada e mantida sem maiores problemas pelo governador Carlos Brandão. Nesse ambiente estável, a expectativa dominante é a de que parte das forças que estão espalhadas por vários partidos, a começar pelo PSB, deve migrar para os quadros emedebistas. Será, provavelmente, o caso da deputada Iracema Vale (PSB), presidente da Assembleia Legislativa migre para o MDB, o que deverá acontecer na janela partidária a ser aberta em março de 2026. No discurso que fez na convenção, Iracema Vale, ao ser provocada pela massa presente sobre migração, respondeu que vai esperar a abertura da janela de 2026. Sobre isso, Marcus Brandão sugeriu que esse assunto só será tratado depois das eleições municipais.

Na quinta-feira, Marcus Brandão dedicou parte da sua manhã a à concessão de entrevistas aos veículos do Sistema Mirante, respondeu a todas as questões, numa desenvoltura surpreendente para o seu comportamento reservado, de político que sempre atuou mais nos bastidores. Ali, reafirmou o apoio do MDB ao governador Carlos Brandão, elogiou o desempenho do chefe do Executivo maranhense em meio à crise financeira que atingiu fortemente o estado, e agradeceu o apoio que o Governo do presidente Lula da Silva (PT) vem dando ao Governo estadual.

Desde que Marcus Brandão assumiu o comando, o MDB se tornou o partido mais procurado por políticos de peso variado em busca de filiação. Um começo indicador de que o partido pode voltar a ser a potência partidária de antes.

Via Repórter Tempo

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