Em conversas reservadas recentes com aliados, o governador Carlos Brandão (PSB) disse e repetiu que a aliança partidária que comanda terá candidato à Prefeitura de São Luís nas eleições do ano que vem, mas que ele só tratará da escolha do candidato no início do ano que vem. Reiterou também a decisão de não interferir na movimentação de pré-candidatos, por considerar que eles têm o direito de atuar para viabilizar os seus projetos de candidatura. Embora não seja uma novidade, uma vez que vem sendo manifestada há tempos, direta e indiretamente, a posição do governador começa a ser mais enfática à medida que aspirantes aliados tentam pressioná-lo para que ele se posicione já apontando nome da sua preferência. E segundo fontes que ouviram dele próprio a reafirmação de que para ele o calendário eleitoral, especialmente em relação a São Luís, só começa mesmo em janeiro de 2024.
O governador Carlos Brandão tem vários motivos para adiar para o ano que vem a escolha do candidato do seu grupo que enfrentará o prefeito Eduardo Braide (PSD), que apesar da pancadaria, vai consolidando o seu projeto de reeleição. O primeiro é que o PSB – o seu partido -, o PT e o PCdoB, que formam o tripé da sua base partidária, têm nos seus quadros nomes com lastro político e potencial eleitoral para participar de uma disputa dessa magnitude. Isso significa dizer que não é tão simples bater martelo por um nome, sendo mais produtivo escolher um candidato a partir de uma grande negociação dentro da federação PSB/PT/PCdoB, do que mergulhar o grupo numa disputa doméstica desgastante.
Para começo de conversa, está nas fileiras do PSB o pré-candidato no momento com maior potencial para enfrentar o prefeito Eduardo Braide, o deputado federal Duarte Jr., que até aqui lidera todas as pesquisas como o mais forte adversário do atual ocupante do Palácio de la Ravardière, com quem disputou o segundo turno da eleição de 2020. Duarte Jr. é pré-candidato declarado a prefeito de São Luís, e já se movimenta com o aval como tal, levando em conta de que dentro do PSB está o deputado estadual Carlos Lula, um cristão-novo prestigiado, que vem exercendo bem o seu primeiro mandato parlamentar e se colocado como crítico duro do prefeito Eduardo Braide.
Dentro do PT estão nomes também com potencial para entrar na disputa em São Luís, destacando-se ninguém menos que o vice-governador Felipe Camarão, atual secretário de Estado da Educação, que, por sua vez, não demonstra o menor interesse nessa disputa, preferindo assumir o Governo em 2026 e se candidatar à reeleição. E nos bastidores petistas, fala-se também do ex-deputado federal Zé Carlos Araújo, atual superintendente regional do Incra, e que como Felipe Camarão, não se deixou seduzir pela ideia, preferindo preparar seu retorno à Câmara Federal em 2026.
Formando o tripé, o PCdoB, onde estão dois nomes com cacife para pleitear a vaga de candidato do grupo à Prefeitura de São Luís: o deputado federal Márcio Jerry, presidente regional do partido, o presidente da Câmara Municipal da Capital, vereador Paulo Victor. Márcio Jerry ocupa grande espaço dentro da aliança, tem prestígio para pleitear a vaga de candidato, mas tem dado mostras de que prefere continuar na Câmara Federal. Já o vereador-presidente Paulo Victor é, de longe, o mais declarado pré-candidato ao Palácio de la Ravardière, tendo assumido a linha de frente como adversário do prefeito Eduardo Braide, contra quem dispara críticas e denúncias. De todos, é no momento o pré-candidato mais próximo do governador Carlos Brandão, visto por uns como o nome da preferência do Palácio dos Leões e por outros nem tanto.
Por fim, os dois nomes do União Brasil, o deputado federal Pedro Lucas Fernandes e o deputado estadual Neto Evangelista, que são lembrados quando se fala numa hipótese uma candidatura fora do tripé governista.
São essas peças do tabuleiro político da Capital que impedem o governador Carlos Brandão de fazer uma escolha antecipada. Em princípio, o candidato da aliança governista sairá desse grupo, mas como o resultado de uma ampla negociação envolvendo o governador Carlos Brandão e o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública. Os aspirantes estão livres para se viabilizar até o final do ano.