Exame dos pedidos de afastamento de Braide dá largada na guerra pela Prefeitura de São Luís

Paulo Victor lidera a oposição dura a Eduardo Braide

Mais do que um embate casual entre situação e oposição no tabuleiro político de São Luís, a manifestação, nesta segunda-feira, dos vereadores a respeito da admissibilidade ou não de três pedidos de afastamento do prefeito Eduardo Braide (PSD), protocolados há duas semanas, pode ser interpretada como como o primeiro movimento da refrega pré-eleitoral, que resultará na corrida às urnas em 2024. Nesse caso, o confronto político está ganhando corpo dentro da oposição na Câmara Municipal, liderada pelo presidente da Casa, vereador Paulo Victor (PCdoB), pré-candidato assumido à Prefeitura da Capital. Dentro e fora do Palácio Pedro Neiva de Santana é quase unânime a impressão de que os três pedidos serão mandados para o arquivo morto do Legislativo municipal. E dentro dessa interpretação, mesmo que um dos três pedidos seja admitido, o afastamento dificilmente se consumará. Ao longo do processo, o prefeito Eduardo Braide poderá até sofrer algum desgaste, mas continuará no comando da máquina administrativa municipal, mantendo-se como um adversário muito difícil de ser batido.

O diferencial dessa situação é que a principal voz de oposição ao prefeito de São Luís é ninguém menos que o presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor, que reúne três ingredientes que o tornam um adversário com poder de fogo para causar estragos na imagem da atual gestão, se realmente dispuser de munição para tal. O primeiro é uma explosiva combinação de ousadia e destemor, que o faz manter-se sempre na linha de ataque. O segundo é a determinação de se manter na linha de ataque, disparando com frequência surpreendente contra o prefeito Eduardo Braide. E o terceiro é a possibilidade de vir a ser o candidato apoiado pelo Palácio dos Leões, ainda que, por enquanto, não tenha um lastro visível de intenções de voto.

Para consolidar seu projeto de candidatura e encarar a muralha que o prefeito Eduardo Braide representa nesse jogo, o vereador Paulo Victor terá de conquistar uma base eleitoral forte e dominar o jogo nesse tabuleiro.

O problema é que o prefeito de São Luís é um adversário inteligente, que não se deixa abater facilmente e que tem ampla noção do que representa atualmente no contexto da política municipal, com fortes reflexos na política estadual. Bem-sucedido nas urnas e sem padrinho, já contabiliza dois mandatos de deputado estadual e um de deputado federal, sempre com votações crescentes, Eduardo Braide – que venceu a eleição de prefeito em 2020 num embate duro contra o poder de fogo do então governador Flávio Dino (PCdoB) e do então vice-governador Carlos Brandão, apoiando a candidatura do então deputado estadual Duarte Jr. – sabe como usar o arsenal político que controla, que é a máquina administrativa da Capital com todos os seus tentáculos e, cujo orçamento para 2023 é de quase R$ 9,5 bilhões.

Alguns o apontam como um político isolado, portanto frágil, à medida que ele estaria se transformando num governante centralizador; outros, porém, enxergam nesse dado o meio pelo qual Eduardo Braide monta as suas estratégias, que têm lhe rendido bons dividendos políticos e eleitorais. A começar pelo fato de que nada desabonador na sua integridade ética tenha vindo à tona. Tirá-lo da cadeira não será tarefa fácil, e tudo indica que nenhum dos três pedidos tem substância suficiente para levar a maioria dos vereadores a decidir pelo seu afastamento. Além disso, essa briga pelo poder passaria obrigatoriamente pela Justiça, onde a motivação política perderia força.

O fato é que os três pedidos de afastamento que serão analisados pelos vereadores, mais do que manifestações de insatisfação contra as ações da atual gestão municipal, representam a força da ação política do vereador-presidente Paulo Victor no sentido de minar a base de sustentação política e eleitoral do prefeito Eduardo Braide. Uma largada antecipada, a 17 meses e meio das eleições, mas explosiva o suficiente para se imaginar o que vem por aí na pré-campanha e o que poderá acontecer na campanha propriamente dita.

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