Em nova audiência, Dino desmonta Dallagnol e fragiliza ainda mais a base bolsonarista na Câmara

Com segurança, Flávio Dino desmonta perguntas de Deltan Dallagnol e de Kim Katagari

Se não aprendeu o velho e bom hábito de dizer a verdade para manter a dignidade intacta, o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-terror da Operação Lava Jato, precisa urgentemente repensar sua postura e seu discurso para continuar com alguma integridade no Congresso Nacional. Ontem, o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, em mais uma audiência à Câmara Federal, desta vez na Comissão de Fiscalização e Controle, desmontou, política, ética e juridicamente, o ex-procurador-chefe da Lava Jato, que, depois da derrocada do grande esquema montado pelo hoje senador Sérgio Moro (UB-PR), abandonou o Ministério Público Federal para buscar abrigo no parlamento nacional. Sem alterar a voz e muito à vontade, o ministro triturou o ex-procurador federal e agora congressista Deltan Dallagnol, que, visivelmente tenso, não conseguiu sequer reagir.

Foi uma pancada forte. Primeiro na lista para fazer perguntas ao ministro Flávio Dino, um tenso deputado Deltan Dallagnol enredou uma série de questões, todas já exaustivamente respondidas pelo ministro. Dentre elas, a que o revelou como contrário ao Projeto de Lei 2630/2020, o chamado PL das Fake News, que na sua avaliação “ameaça à liberdade de expressão” no Brasil. Deltan Dallagnol cometeu a tolice de emendar à sua fala a afirmação de que o presidente Lula da Silva (PT) foi preso por causa do “maior esquema de corrupção do mundo”.

Falando calmamente, Flávio Dino respondeu:

“Sinceramente, deputado Deltan Dallagnol, olhando para o senhor, eu acho que o senhor realmente acredita no que diz, o que, a meu ver, é mais grave. Porque o senhor, realmente, parte de um sistema de crença muito próprio, muito singular, que não tem aderência com a realidade”.

Diante de um deputado Deltan Dallagnol atônito, o ministro Flávio Dino continuou:

“O senhor afirma: ´O maior escândalo da história`. De onde o senhor tirou isso? Quando o senhor afirma isso, o senhor comprova a necessidade do Projeto das Fake News. Porque isso mostra que às vezes há uma ideia de repetir, repetir uma mentira, para ver se ela vira verdade. Não foi e não é verdade. Todos os casos têm sido julgados pelo Poder Judiciário, e assim continuará”

E consumou a pancada, em tom quase didático: “Assim funciona o estado democrático de direito”.

A audiência na Comissão de Fiscalização e Controle foi tranquila. A começar pelo fato de que sete dos dez deputados bolsonaristas que assinaram o convite ao ministro não compareceram. E os que ficaram, entre eles Deltan Dallagnol, se perderam nas perguntas, numa repetição sem sentido. Tal situação indicou que, no caso dos convites ao ministro da Justiça e Segurança Pública para falar sobre os mesmos assuntos – ato golpista de 8 de janeiro, ida do ministro ao Complexo da Maré no Rio de Janeiro e ações do MST -, na vã esperança de apanhar Flávio Dino em alguma contradição, a oposição bolsonarista, apesar de numericamente forte, está perdendo densidade e abandonando o campo de batalha, diante da impossibilidade de virar o jogo no qual são os vilões e tentam virar mocinhos.

E quebrando essa inacreditável estratégia da oposição bolsonarista, o ministro Flávio Dino sai mais forte de cada audiência. E mais do que isso, desestrutura e deixa sem chão parlamentares como Kim Katagari, jovem e preparado deputado da direita por São Paulo, uma das estrelas da direita na Câmara Federal. Ontem, em mais um esforço desastroso de encalacrar o ministro, o deputado paulista foi trucidado. Além de ouvir uma resposta didática e devastadora sobre uma suposta relação do ministro Flávio Dino com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que nada tem a ver com o Ministério da Justiça, foi desmoralizado pelo ministro, que lhe puxou publicamente a orelha pelo fato de haver ele saído da última audiência e contado mentiras a respeito do assunto nas redes sociais. Kim Katagari tentou se explicar, mas foi impiedosamente enquadrado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública.

A surra ética e jurídica dada ontem pelo ministro Flávio Dino no deputado federal Deltan Dallagnol certamente deve ter abalado o sono do senador Sérgio Moro (UB-PR).

Via Repórter Tempo

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