Brandão e Dino: com Lula, o melhor dos mundos; com Bolsonaro, convivência complicada

Carlos Brandão e Flávio Dino terão relações positivas com Lula da Silva, de quem são aliados de primeira hora, e tensas com Jair Bolsonaro, de quem são adversários de primeiro plano

Um dos estados mais fortemente posicionados na disputa presidencial, o Maranhão, mesmo sem o peso de unidade federada rica, é visto com potencial para ganhar um papel politicamente relevante, tanto num governo liderado pelo ex-presidente Lula da Silva (PT), quanto numa eventual continuidade do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os dois representam situações radicalmente antagônicas, cada uma com seus porta-vozes maranhenses no Congresso Nacional. No epicentro do cenário produzido por um governo lulista ou bolsonarista estarão duas figuras centrais, o governador reeleito Carlos Brandão (PSB), no campo executivo, e o futuro senador Flávio Dino (PSB), no campo legislativo. Se as urnas de domingo confirmarem a tendência pró-Lula da Silva, o governador e o senador atuarão alinhados na convivência com um governo aliado. Se a tendência não se confirmar e o presidente Jair Bolsonaro for reeleito, o cenário muda radicalmente para os dois, que terão de conviver com um governo hostil. Carlos Brandão e Flávio Dino estão plenamente cientes dessa realidade e se preparam para se ajustar a que vingar nas urnas.

A eleição de Lula da Silva abrirá as portas do Palácio do Planalto e dos ministérios ao governador Carlos Brandão, que será tratado com a distinção dos aliados de proa. Tal situação já foi conversada informalmente nos diferentes encontros do governador com o candidato do PT, tanto que o próprio Lula da Silva revelou, em fala pública, que recomendara a Carlos Brandão a definição de projetos importantes a serem levados a Brasília tão logo seu governo seja instalado, caso seja eleito. Um governo do petista tirará o Maranhão do isolamento imposto pelo Palácio do Planalto. O governador do Maranhão fará parte da base de apoio do presidente, ocupando o espaço conquistado pela aliança do PT com o PSB.

Se, por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro conseguir a reeleição, o governador Carlos Brandão terá dias difíceis pela frente. Não há qualquer sinal de que continuando no Palácio do Planalto o presidente Jair Bolsonaro mude sua posição em relação aos integrantes da aliança PT/PSB no Maranhão. A seu favor, o governador Carlos Brandão tem a experiência de quem sabe como funciona a relação institucional dos governos estaduais com o governo da União, conhece os limites do poder do presidente e dos direitos dos estados, o que lhe dá as condições para costurar uma convivência minimamente produtiva. Tremores acontecerão, mas nada que inviabilize o governo do Maranhão.

No caso do senador Flávio Dino, seu projeto de mandato será um com um governo de Lula da Silva e outro com um governo Jair Bolsonaro. Num eventual governo petista, Flávio Dino desembarcará no Senado com a responsabilidade de trabalhar para garantir governabilidade, que será fragilizada pelas forças bolsonaristas que ganharam espaço no Congresso Nacional, especialmente na Câmara Alta. Poderá exercer o mandato senatorial como líder e articulador, que pode ser decisivo para um governo petista. Nos bastidores permanece forte a especulação de que num governo de Lula da Silva será convocado para comandar o Ministério da Justiça, um cargo que muitos apontam como ideal para o ex-governador, que é ex-juiz federal. Em resumo: num eventual governo petista Flávio Dino terá força.

Se der Jair Bolsonaro nas urnas de domingo, o senador Flávio Dino será oposição destacada. Ali, enfrentará a banda governista, que terá em seus quadros o ex-juiz Sérgio Moro, com quem provavelmente travará fortes embates, uma vez que o ex-chefão da Lava-Jato já deu sinais claros de que atuará em defesa do governo bolsonarista. A julgar pelo seu discurso antes, durante e depois da campanha estadual, não resta nenhuma dúvida de que o mais novo senador do Maranhão será uma pedra no sapato do presidente da República.

Não se discute que a política tem um grau elevado de imprevisibilidade, mas no que diz respeito às relações do governador Carlos Brandão e do senador Flávio Dino com o Palácio do Planalto habitado por Lula da Silva ou por Jair Bolsonaro nos próximos quatro anos serão radicalmente diferentes.

Via Repórter Tempo

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