Assembleia retoma atividades sob pressão da pandemia e com deputados movidos pelo desafio da reeleição

Othelino Neto comandando sessão usando máscara, em sessão remota e e plenário que abriga tensões

Ainda sob o impacto da pandemia do novo coronavírus, mas sem a agitação que costuma marcar eleições para o comando da Casa, uma vez que a Mesa Diretora que assumirá foi eleita no ano passado, numa bem-sucedida articulação que culminou com a reeleição do presidente Othelino Neto (PCdoB), a Assembleia Legislativa retoma seus trabalhos nesta Segunda-Feira (1º). Depois de terem fechado a primeira metade do atual mandato com a guerra política que sacudiu suas bases nas eleições municipais, os deputados estaduais vão para os dois últimos anos movidos agora pelo mais duro e complicado de todos os seus desafios: a reeleição. Até a corrida às urnas decorrerão 20 meses, ou seja, 600 dias, durante os quais o parlamento estadual vai funcionar sob pressão crescente, que em muitos momentos eclodirá nos embates que via de regra acontecem como reflexo da luta antecipada pelo voto. Traquejado nesse jogo, o presidente Othelino Neto terá de usar toda a sua habilidade para reduzir ao máximo os danos políticos dos conflitos entre deputados que certamente ocorrerão no plenário e fora dele.

A Assembleia Legislativa entrará no terceiro período da atual legislatura em clima de contagem regressiva. Isso porque, daqui a menos de 14 meses, o governador Flávio Dino (PCdoB) deve encerrar seu Governo desincompatibilizando-se para, tudo indica, disputar uma cadeira no Senado da República. Pelo que está programado, pelo menos até aqui, o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos) assumirá o Governo e o comando da máquina pública, devendo causar uma mudança, se não exatamente radical, muito expressiva no cenário político, a começar pelo fato de que ele não esconde que o seu projeto é candidatar-se à reeleição. Tem como contraponto o senador Weverton Rocha (PDT), que – mesmo afirmando que não disse que é candidato – mas também não declarou categoricamente que não o será – vem trabalhando intensamente para viabilizar sua candidatura, o que tem tensionado a aliança partidária comandada pelo governador Flávio Dino.

Mantida sob controle pela surpreendente habilidade do presidente Othelino Neto de administrar conflitos, conseguindo assim um clima de normalidade nas ações legislativas e institucionais em meio a muitas e profundas diferenças, a Assembleia Legislativa é uma casa politicamente dividida. Não exatamente na divisão clássica com Situação e Oposição, mas no jogo da luta pelo poder. Ali se movem parlamentares que trabalham pelo fortalecimento do projeto do vice-governador Carlos Brandão e também os que abraçaram o movimento liderado pelo senador Weverton Rocha. Porém, mesmo fazendo uma acirrada medição de forças, as duas frentes têm sido cuidadosas no sentido de evitar que suas ações comprometam a liderança do governador Flávio Dino, que igualmente tem sabido administrar os conflitos que aqui e ali sacodem a base que lidera.

Independentemente do fato de estar sendo em parte movida por tensões, a Assembleia Legislativa deverá funcionar com forte consciência institucional e com bom desempenho legislativo. O ânimo dominante na Casa é repetir a correta e eficiente atuação do ano passado, quando, mesmo afetada pelos efeitos devastadores da pandemia- perdeu um deputado, Zé Gentil (Republicanos), para o coronavírus – os deputados fizeram a parte deles ao assegurar legalidade às medidas com as quais o governador Flávio Dino comandou a bem-sucedida guerra contra a pandemia no Maranhão. Naquele período, a Casa foi uma das primeiras do País a realizar sessões remotas, durante as quais propôs e viabilizou medidas que muito contribuíram na guerra pandêmica em território estadual.

O período legislativo que começa nesta Segunda-Feira será, portanto, marcado por forte conotação política. Tanto no plano individual de cada deputado devido à preocupação com a reeleição, quanto no plano geral, à medida que todos eles, a começar pelo presidente Othelino Neto, estarão diretamente envolvidos na guerra que será travada pela sucessão do governador Flávio Dino.

Serão, até onde é possível antever, 20 meses de muita movimentação no complicado, sinuoso, movediço, desafiador e instigante campo da política. Os deputados estaduais sabem muito bem onde vão pisar.

Via Repórter Tempo

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