A região da Baixada Maranhense vem sendo atingida por uma seca que engloba mais de 20 municípios no Maranhão. A escassez de água nessa área tem sido considerada a maior dos últimos 10 anos e segue causando transtornos para a população do local que utiliza os lagos e lagoas para a pesca e outras atividades. De acordo com a estimativa dos pescadores é de aproximadamente cinco toneladas de peixes tenham morrido devido à seca no Lago de Itans, localizado em Matinha, a 222 km de São Luís.
O Lago de Itans, com uma extensão de 4 km², representa uma das áreas mais importantes da Baixada Maranhense, conhecida por suas planícies que, durante a estação chuvosa, formam grandes lagoas. No entanto, após seis meses de estiagem, o lugar se transformou em um córrego. “A vida do pescador é nesse lago. Tirando o da residência, ainda conseguimos ganhar algum dinheiro. Mas com a seca, tudo fica mais complicado”, afirma Givanildo Mendonça, pescador da região.
A falta de água e oxigênio e as altas temperaturas em Matinha, tem deixado os peixes da região sem ar. Como resultado, milhares deles morrem, e os pescadores, em meio aos resíduos em decomposição, resgatam aqueles que ainda estão vivos. “Vamos dar um jeito, colocar no açude, para que eles sobrevivam mais um dia, porque uma situação assim é difícil para todos nós”, destaca Nivaldo Reis, pescador da área.
A seca do lago e a morte dos peixes causa impacto direto na economia e na subsistência das comunidades locais, uma vez que pelo menos 10 mil pescadores dependem diretamente do Lago de Itans, em Matinha (MA). Cerca de 90% da população de pescadores da região também se alimenta do que é produzido no lago. “90% são os pescadores da pesca nativa, e os outros 10% são os compradores. Portanto, todos estão de alguma forma envolvidos e se alimentam do lago”, explica um agente comunitário.
Com os peixes mortos, a reprodução das espécies fica comprometida. Durante o período da piracema, de novembro a março, o Governo Federal fornece um auxílio de um salário mínimo mensal aos pescadores. Além disso, com a falta de água na área, os animais vagam pelos campos em busca de algo para beber. Os búfalos, típicos dessas áreas alagadas, buscam alívio na lama remanescente dos igarapés. “A gente vai buscar água em Itans. Vai de moto, de carro, enquanto essa água não chega para nós. Se demorar dois ou três dias, o sofrimento é ainda maior”, relata o pescador Manoel Costa Martins.