PDT faz jogo duplo, apoiando o Governo Lula e ensaiando oposição ao Governo Brandão

Lula da Silva entre José Guimarães, Weverton Rocha, Carlos Lupi e André Figueiredo, ao final de reunião sobre o apoio do PDT

O encontro de ontem do presidente eleito Lula da Silva (PT) com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, e os líderes do partido no Senado, senador Weverton Rocha, e na Câmara Federal, deputado André Figueiredo, no qual os chefes pedetistas confirmaram apoio ao Governo petista, teve reflexo na política maranhense. O evento mostrou que o PDT, no Maranhão, ao mesmo tempo que apoiará o Governo Lula da Silva, fruto da aliança PT/PSB, o senador Weverton Rocha e seu partido ensaiam movimentos numa linha de oposição ao Governo Carlos Brandão, que é igualmente fruto da aliança PSB/PT. É uma situação esdrúxula, mas possível no contexto da política, mesmo com as flagrantes contradições que vieram à tona durante a corrida para o Governo do Estado, protagonizadas pelo candidato do PDT, senador Weverton Rocha, que preside o partido no Maranhão.

Se houve algum acordo subterrâneo de tolerância ao que aconteceu, tudo bem, estará explicado; se não houve, a aberração política nascida na disputa pelo Palácio dos Leões deve ser mandada para o armário do esquecimento.

Vale relembrar os fatos: ao mesmo tempo em que no plano nacional o PDT não participou formalmente da base de apoio à candidatura de Lula da Silva, alimentando o projeto presidencial fracassado do ex-governador cearense Ciro Gomes, no Maranhão, o partido comandado pelo senador Weverton Rocha jogou duro contra a candidatura do governador Carlos Brandão à reeleição pela aliança PSB/PT, tendo o petista Felipe Camarão como vice. E com um dado mais surpreendente: Weverton Rocha disputou o Governo apoiado pelas forças bolsonaristas, tendo como companheiro de chapa o deputado bolsonarista declarado Hélio Soares (PL), e ainda por cima embalando a candidatura do senador bolsonarista Roberto Rocha (PTB) à reeleição, contra a candidatura do ex-governador Flávio Dino ao Senado pela aliança PSB/PT. Ou seja: no 1º turno, o chefe do PDT no Maranhão atuou na contramão da campanha de Lula da Silva, e no 2º, preferiu ficar distante, uma vez que não há registros contundentes do seu engajamento na campanha do líder petista, embora tendo feito algumas declarações a favor de Lula da Silva.

Passada a corrida ao Governo do Estado, na qual ficou em terceiro lugar, o líder do PDT no Maranhão sinalizou claramente a inclinação para atuar como oposição ao Governo da aliança PSB/PT, fazendo um inusitado jogo duplo. Agora, a situação está mais evidenciada: na primeira reunião do PDT maranhense, o senador Weverton Rocha criou o que chamou de “Observatório”, por meio do qual ele e seu partido querem monitorar o Governo Carlos Brandão. Com esses movimentos, o senador Weverton Rocha deixou clara sua condição de opositor do Governo estadual. Uma situação muito diferente da que está adotando em relação ao Governo Lula da Silva.

Ao fazer oposição ao governador Carlos Brandão, o senador Weverton Rocha e seu grupo desmancham uma aliança construída ao longo de anos, e que, apesar dos vários altos e baixos, garantiu ao PDT espaço na máquina governamental, como a entrega do comando da poderosa Secretaria de Desenvolvimento Social ao deputado estadual pedetista Márcio Honaiser, sem o que não teria sido eleito deputado federal. E voltando um pouco mais atrás: fora da aliança comandada pelo agora senador eleito Flávio Dino (PSB), o então deputado federal Weverton Rocha não teria sido eleito senador da República em 2018. E isso foi evidenciado pelo terceiro lugar na corrida ao Governo na contramão da aliança com a qual rompeu.

São voltas que a imprevisível ciranda da política dá.

Via Repórter Tempo

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