Ciro se esforça para traduzir suas palavras do cirês para o português

Ciro fala duas vezes antes de pensar. Produz polêmicas em escala industrial. Não se deu conta de que, na política, o problema começa com as explicações. Na última derrapagem, o candidato do PDT disse, diante das câmeras, que Lula “só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder”. E manifestou o desejo de “botar juiz e o Ministério Público para voltar pra a caixinha.”

Depois da tempestade, Ciro se esforça para traduzir suas palavras do cirês para o português: Quis dizer que “a liberdade do Lula só será restaurada com a restauração do Estado de Direito Democrático, que perdemos na esteira de um golpe. Mas não é a liberdade do Lula, é a regularidade do império da Lei”.

Ora, Lula está preso por que foi condenado a 12 anos e 1 mês de cana por corrupção e lavagem de dinheiro. A sentença de Sergio Moro foi confirmada por unanimidade por uma turma do TRF-4, que elevou a pena. Também por unanimidade, uma turma do STJ indeferiu pedido de habeas corpus preventivo do condenado. Por 6 a 5, o plenário do STF abriu o caminho para a expedição do mandado de prisão.

Nesse contexto, Ciro precisaria explicar qual é, afinal, o seu conceito de “regularidade do império da lei”. Mas ele prefere culpar a imprensa por suas imcompreensões. “Esses jornalões acham que vão me intrigar porque uma parte do baronato que eles frequentam é hostil ao Lula. E eu sou antagônico ao Lula também. Sou candidato contra o candidato do PT e tenho sido alvo do PT”, disse.

O antagonismo de Ciro não o impede de mimetizar o comportamento petista de colocar a culpa na imprensa. O candidato faria um bem extraordinário ao seu projeto político se concentrasse as energias naquilo que interessa ao eleitor. Enquanto Ciro desperdiça o verbo massageando os devotos do PT, o grosso do eleitorado quer saber de empregos, saúde, segurança e outros. Se isso vier junto com o apoio à Lava Jato, melhor.

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